O Papa: Armida Barelli, total entrega ao Senhor, com estilo marcado pela concretude

O Papa Francisco encontrou-se, neste sábado (22/04), na Praça São Pedro, com os participantes da peregrinação de ação de graças pela beatificação da italiana Armida Barelli, cofundadora do Instituto Secular das Missionárias da Realeza de Cristo e cofundadora da Universidade Católica do Sagrado Coração. Armida Barelli foi beatificada, em Milão, em 30 de abril do ano passado.

 

Ouça e compartilhe

Estou feliz que muitos de vocês tenham vindo agradecer ao Senhor pela beatificação de Armida Barelli, ocorrida há um ano em Milão. Agradeço à responsável juvenil da Ação Católica que atuou como ‘porta-voz’ de todos, ou seja, das três realidades que promoveram a causa de beatificação: a Universidade Católica do Sagrado Coração, a Ação Católica Italiana e as Missionárias da Realeza de Cristo.

Dirigindo-se aos membros da Universidade Católica do Sagrado Coração, Francisco sublinhou que Armida Barelli foi “uma mulher generativa“. E refletiu sobre este aspecto.

A mulher é a guardiã privilegiada da generatividade

“A mulher é a guardiã privilegiada da generatividade, que pode ser realizada através de um diálogo de reciprocidade com o homem”, disse o Papa. Segundo Francisco, “Barelli foi uma tecelã de grandes obras e o fez tecendo uma teia formidável de relações, viajando por toda a Itália e mantendo-se em contato com todos”. “Hoje, infelizmente, não faltam impulsos de sinal contrário, ou seja, degenerativos. Eles são muito prejudiciais para a vida familiar, mas também podem ser observados a nível social, nas polarizações e nos extremismos que não deixam espaço para o diálogo e têm um efeito desumanizador”, disse ele.

Segundo o Papa, “a integração e a reciprocidade das diferenças garantem a generatividade também no campo social e trabalhista”. “Esta é uma tarefa confiada de modo particular à Universidade Católica do Sagrado Coração”, disse ainda Francisco, recordando que o organismo celebra, neste domingo (23/04), a sua 99ª Jornada Nacional sobre o tema: “Pelo amor ao conhecimento. Os desafios do novo humanismo”. “Hoje, esta grande instituição acadêmica é chamada a ter o mesmo ímpeto educativo e a mesma iniciativa formativa que guiou o Padre Agostino Gemelli e a Beata Armida Barelli”, sublinhou.

Armida Barelli, “através da Universidade, contribuiu para formar a consciência civil de milhares de jovens, incluindo muitas mulheres. Uma obra que se tornará particularmente visível quando, depois da guerra, se tratará de reconstruir o país iniciando um processo democrático. Ainda hoje precisamos de mulheres que, guiadas pela fé, sejam capazes de deixar sua marca na vida espiritual, na educação e na formação profissional”.

Leigas e leigos apaixonados pelo Evangelho e pela vida

A seguir, o Papa se dirigiu aos irmãos e irmãs da Ação Católica, e destacou um segundo traço da Beata: o seu ser apóstola.

Armida escreve que, depois de aceitar a proposta do Papa de fundar a Juventude Feminina na Itália, ela “sente que deve fazer da própria existência um dom para os outros, sente que ela mesma é “uma missão, além de seus limites e imperfeições”.

Ser apóstolas e apóstolos é ser leigas e leigos apaixonados pelo Evangelho e pela vida, cuidando do bem viver de todos e construindo caminhos de fraternidade para dar vida a uma sociedade mais justa, mais inclusiva, mais solidária. É importante fazer tudo isto em conjunto, na beleza de uma experiência associativa que, por um lado, treina a saber escutar e dialogar com todos e, por outro, exprime aquele “nós maior” que educa para a vida eclesial, vida de povo que caminha junto.

“Nos campos da economia, da cultura, da política, da escola e do trabalho, na atenção constante aos pequenos, frágeis e pobres, os encorajo a procurar estradas para caminhar com todos, em busca da paz e da justiça”, disse ainda o Papa, ressaltando que “assim o fez a Beata Armida Barelli no seu tempo, com espírito de total entrega ao Senhor e com estilo marcado pela concretude”.

Leigos capazes de perceber as sementes do Verbo

A seguir, o Papa se dirigiu às Missionárias da Realeza de Cristo, destacando em Armida o seu ser consagrada no mundo.

A consagração secular é o paradigma de um novo modo de viver como leigos no mundo: leigos capazes de perceber as sementes do Verbo nas dobras da história, comprometidos em animá-la a partir de dentro como fermento, capazes de valorizar a sementes do bem presentes nas realidades terrenas como prelúdio do Reino vindouro, promotores dos valores humanos, tecelões de relações, testemunhas silenciosas e eficazes da radicalidade evangélica.

A seguir, Francisco recordou que São Paulo VI dizia: “Se permanecerem fiéis à própria vocação, os Institutos seculares se tornarão quase o ‘laboratório experimental’ no qual a Igreja verifica as modalidades concretas de suas relações com o mundo”.

As mulheres e sua vocação na Igreja e no mundo

O Papa disse que o Instituto Secular das Missionárias da Realeza de Cristo é um instituto feminino, “e isto põe em questão as mulheres e a sua vocação particular na Igreja e no mundo”. “A Beata Armida, com esta forma de vida, promoveu-as de modo novo, seguindo o exemplo de tantas mulheres testemunhas do Evangelho ao longo dos séculos. O modelo que ela propôs também na vida consagrada é uma nova imagem de mulher, não para ser “protegida” e deixada de lado, mas para ser enviada para construir o Reino, dando-lhe plena confiança”.

“Queridos irmãos e irmãs, a Beata Armida nos reuniu e nos ajudou a reconhecer estes traços essenciais do ser cristão hoje: generatividade, ser apóstolos e consagração no mundo. Cada um pode acolher o seu exemplo segundo a própria vocação: é um tesouro para todos nós, para toda a Igreja”, concluiu.

Fonte: Mariangela Jaguraba – Vatican News

×

Hello!

Click one of our contacts below to chat on WhatsApp

×